sexta-feira, 20 de janeiro de 2017




A PRAÇA

Ela nunca dorme sozinha, sua cama é ao luar.
O vento bate em suas árvores,
Um eterno galho a chacoalhar,
Sussurro e chilro de  pássaros a se aninhar.
Em seus bancos gelados tem sempre uma alma a se agasalhar.

A praça cheia de graça e esplendor,
Recebe todos os que passam com amor,
Silenciosa, graciosa cheia de paz.
Para ela o tempo parou um canto de meditação.
Quem vai a ela tem sempre uma nova alegria,
Um novo prazer de viver mais um dia.

A praça é lugar de amigos, um lugar de luz.
De extravasar limpar as preocupações,
Criar novos motivos para amar a vida,
Observando crianças correndo, brincando.
A inocência do começo da vida, um futuro certo.
A praça é uma amiga de braços aberto.
Onde cabem todos sem distinção.
Um lugar para se fazer amigos, cantar, conversar e amar,
Se divertir, sair da rotina.
E ela não fica tão longe, é logo ali na esquina.

                          Francisco Gouveia (Brasil)



quinta-feira, 19 de janeiro de 2017



O  S a b u j o

Sabujo não é um cachorro. É um apelido dado a uma pessoa. Um homem de coração muito grande e bom. Prestativo, amigo e a prova de qualquer serviço. Trabalhador.

Um dia apareceu lá na fazenda pedindo água. Conversou, desconversou, disse que estava perdido e não tinha um lugar para ficar, pediu emprego. E ficou. Um presente dos céus.

Fez amizade fácil com todos até com os animais, até os patos andavam atrás dele e ele gostava disso.

Trabalha por dez e come por vinte. Quando você pensa em pedir para ele fazer alguma tarefa ele diz que já está feita. Eficiência total.

Nunca lhe chamamos por seu nome, sempre lhe chamávamos de novato e o apelido de sabujo surgiu quando o convidamos para caçar.
Pediu para nos guiar e nos guiou. Para nossa surpresa ele dizia é por aqui, é por ali... E atira na àquela direção, era fatal. Mais um alce ou uma lebre na panela. Não errava nas caçada, conhecia rastro, pegadas e trilhas com uma facilidade incrível, nunca perguntamos aonde aprendeu.

Todo animal da fazenda era seu amigo de estimação. Parece que até as galinhas eram apaixonadas por ele. Da mesma maneira que tratava as pessoas tratava os animais e aves.

Tem o caso que ele ficou ao lado de uma vaca doente por quatro dias sem comer e beber até que a vaca se restabeleceu. Já tinha visto gente feliz, mas por causa de uma vaca que sarou aquilo foi demais.

Agora o que realmente nos marcou profundamente e aumentou nosso apreço pelo sabujo foi: Certo dia pedi que ele fosse caçar uma lebre para nós e ele disse: uma só!
Respondi: Está bom! Traga-me umas três.
E ele saiu apressado com a espingarda a tira colo.

A floresta aqui não é muito densa em sua totalidade, mas tem muita fauna ainda, inclusive ursos que às vezes nos causavam transtornos.

Mas, foram mais de cinco horas de espera e nada dele voltar. Resolvemos ir atrás do Sabujo.

Não andamos muito e numa clareira estava sabujo caído todo machucado com cortes profundos pelo corpo e sagrava muito, mas ainda segurava uma bolsa de caçador com cinco lebres dentro.
A sua volta os arbustos estavam todos quebrados, parece que havia lutado muito com alguma coisa.
Ainda estava lúcido, apesar de tantos ferimentos. Perguntei a ele; O que ouve? Ele me respondeu. Urso, ele queria tomar a suas lebres, eu não deixei. Depois disto desmaiou.

Mais adiante esta um urso pardo grande baleado na cabeça, mas também tinha alguns machucados. A todos as qualidade que já conhecíamos do sabujo agora somamos  uma grande coragem.
Foram mais de três meses de internação, eu o visitava praticamente quase todos os dias. Já que ele era órfão e não tinha família, nós obrigatoriamente, por amor e amizade todos da fazenda era a sua família.
 E uma dessas visitas ele me impressionou e disse: Eu não queria machucar o urso, mas não teve jeito.
Quando ele voltou para casa o inverno já estava chegando, preparamos-lhe algumas surpresas. Uma festa com bolo de aniversário, presentes que lhe comoveu. Mas o que lhe fez chorar de verdade foi um grande casaco com a pele do urso que ele havia abatido. Na verdade ele não chorou pelo presente, chorou mais uma vez pelo urso morto.

Disse-lhe que queríamos lhe fazer uma dedicatória, mas não nos lembramos de seu nome.
Sabujo respondeu: Eu também nunca disse, amigos não precisam  de nome, precisa ser amigo, e a única maneira de ter amigos e ser amigo o meu nome é Emerson.


Francisco Gouveia ( Brasil)


  

                                                                                          Ralph Waldo Emerson

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017





Detalhes da vida


Quero um colo para me ninar.
Uns braços para me abraçar.
Uma boca para beijar.
Um carinho para me fazer sonhar.

Um corpo para amar.
Quero uma cama para deitar.
Um motivo para sonhar.
Quero viver, aprender viver.

A vida é passageira e cabe numa página...
 De um diário de ilusão.
Cabe na palma da mão do Criador.
Cabe no ventre de quem procriou.

A vida, eu não tenho domínio sobre ela,
Quando ela quer pode morrer,
Nem posso ficar na janela vendo o tempo correr,
Na vida o corpo é apenas um detalhe para quem
Não sabe viver.



                                                                 Francisco Gouveia  (Brasil)

terça-feira, 17 de janeiro de 2017




SEGREDOS DA SENZALA

Casa grande e a senzala,
No porão da grande sala.
Os escravos depois do serviço,
Servem para o patrão arrumar enguiço.
Deitar no leito das escravas, miscigenar as duas  raça.
Para ter mais escravos de graça.

A história muito conta, mas também muito esconde,
Mas a pele da população denuncia, E também anuncia muitas escravas foram seviciadas para dar cor a nação.
Muitos segredos da senzala ainda estão acorrentados,
Preso a vergonha, da vergonha da escravidão,

O homem nasce livre. A Liberdade ainda hoje nem todos tem esta opção.
As senzalas são diferentes, diferente o porão,
Os grilhões são invisíveis e prendem mais do que  os braços e as mãos.
Alguns amordaçam a boca e tapam a sua visão.
Os segredos da senzala nunca terminam não.


Francisco Gouveia (Brasil)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017




VEM FELICIDADE



Vem para mim de braços abertos,
Porque estou perto de ti.
Vem sorrindo e feliz,
Porque está aqui quem sempre te quis.

Vem felicidade, vem!
Estou só triste e sem ninguém.
Solidão é uma casa em escuridão, Sem luz.
A luz dos olhos de uma união.

Vem felicidade, vem!
Trás contigo alguém quem me queira bem.
Vem que estou de braços abertos,
Esperando-te também.

                                     


                                     Francisco Gouveia (Brasil)


domingo, 15 de janeiro de 2017



A VIDA ALHEIA.

Como é bom falar da vida alheia!
Todos os defeitos do mundo são do alheio.
Tudo o que é de ruim lhe pertence.
Herdeiro da malignidade.
Sem caráter, dignidade um pária na sociedade.

Mas,  quando se olha no espelho e se parece com o alheio,
A coisa se transforma.
Todo gato é igual, até que abra a pata,
Uns tem as unhas mais afiadas que outros.

É a língua, uma mais cumprida que outra,
Sempre julgando e falando o que não deve.
Mas a má fama da língua é o prêmio pelo mau caráter do dono.
Conheço duas pessoas que sofrem há vários anos devido a boatos.
Uma é a moça que foi a um acampamento e dizem que,
Engravidou depois de ter relações com dezessete rapazes.
Um deles  assumiu o filho e paga pensão a mãe,
Mas o menino parece-se com outro que estava no acampamento. Eterno dilema sem DNA.
É boato pelo que parece começa com uma verdade
Que se transforma em mentira.
A mentira de uma língua que não cabe dentro da boca.
E o desejo de menosprezar outro.
E igual dizia a minha avó: “ Quer cuidar da vida dos outros; Compra um gato ele tem sete vidas”.

                                            Francisco Gouveia


**Dedicado a minha vizinha que tem nome de flor.



sexta-feira, 13 de janeiro de 2017



RECÍPROCA


Quem diria que chegaria o dia, da tua agonia,
Quem diria que chegaria o dia do teu pesar.
Abusaste da sorte, a morte do teu amor não demorou a chegar.

Espezinhaste em cima do sentimento alheio,
A dor que sentes no seio, é de abandono.
A solidão chegou a galope e levou a tua sorte,
Perdeste quem te amava, ficastes sem dono.

Não adianta chorar pela mesma dor que fizestes outro se amargurar.
Sentes o mesmo sabor do doce amargor,
O mesmo veneno que mataste o teu amor.

            Francisco Gouveia  (Brasil)

                                 Mandamentos "Porque nisto consiste o amor a Deus: obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos...