Eramos Portugueses, de além mar, viemos de Portugal.
Atravessando o Atlântico.
Vomitando, arrotando e passando mal.
Na viagem banho não tomamos,
fedíamos e coisa e tal.
Comíamos sardinhas secas e o pão do Padre,
O tal Pão de Ló.
Tudo bichado; Morder os bichinhos até dava dó.
Mulheres não havia à bordo.
Só um efeminado: Desse ninguém tinha dó.
Tempestades e Maresias,
Observávamos as nuvens e o horizonte,
Diuturnamente cuidando do convés e do velame.
Enquanto o capitão dormia aos roncos e peidos,
Cheio de gases do excesso do consumo de salame.
Até que um dia alguém gritou:
- Terra á vista!
Uma Ilha de Areias Branca e floresta verdejante.
Todos gritaram é um Brasil, ao verem os indígenas pelados,
Muitos paus vermelhos; Na praia.
Aportamos e caímos na farra.
Voltar à Portugal nem na marra.
Aqui as xoxotas são mais limpinhas e as mulheres não tem bigode,
Cada um se vira como pode, um comércio em cada esquina,
Um prostíbulo para cada menina.
Somente Pedro Alvares e o efeminado voltaram a Portugal.
Pedro mudou de nome deixou de ser Gouveia,
Foi morar na Espanha, criar filhos, e na barriga...banha.
O efeminado mudou para Paris foi trabalhar no teatro
e fazer papel de sereia.
Dizem que depois virou Papa,
Ninguém escapa... da língua alheia.
(DIÁRIO DE BORDO) Chico Gouveia