RIO MARMELEIRO
Ele
desce cortando montanhas, fazendo barrancos,
Cria
lagos e, para os peixes cria tanques.
Vai
serpenteando entre os vales e montanhas,
Sua
força e tamanha que escavou cavernas,
Entre
rochas eternas fez seu o caminho.
Eu
também queria ser um rio ou mesmo um riacho,
Com
muita água ou mesmo um fino fio,
Como
pouca água de um pequeno tacho.
Eu
queria fazer o meu próprio caminho entre as pedras,
Enfrentar
os desafios a frente, ser firme e forte.
Não
me importar com o azar ou com a sorte.
Correr
pelas cidades, pelos campos ou sertões.
Ser
duro nas tempestades, molhar lábios e umedecer corações.
Trazer
vida, irrigar as plantações, dar vida a quem quer vida,
Tirar
tristezas e causar boas emoções.
Mas
tudo isso é um sonho, eu que sou um velho pé de marmeleiro,
Preso
à terra aqui neste terreiro à espera das chuvas de janeiro.
Já
não dou mais fruto, nem os pássaros vem mais aos meus galhos,
Morrerei
aos poucos, seco, à espera d’água.
Já
produzi frutos, agora produzo mágoa.
Francisco Gouveia
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