quinta-feira, 26 de abril de 2018





RIO MARMELEIRO



Ele desce cortando montanhas, fazendo barrancos,
Cria lagos e, para os peixes cria tanques.
Vai serpenteando entre os vales e montanhas,
Sua força e tamanha que escavou cavernas,
Entre rochas eternas fez seu o caminho.

Eu também queria ser um rio ou mesmo um riacho,
Com muita água ou mesmo um fino fio,
Como pouca água de um pequeno tacho.
Eu queria fazer o meu próprio caminho entre as pedras,
Enfrentar os desafios a frente, ser firme e forte.
Não me importar com o azar ou com a sorte.

Correr pelas cidades, pelos campos ou sertões.
Ser duro nas tempestades, molhar lábios e umedecer corações.
Trazer vida, irrigar as plantações, dar vida a quem quer vida,
Tirar tristezas e causar boas emoções.

Mas tudo isso é um sonho, eu que sou um velho pé de marmeleiro,
Preso à terra aqui neste terreiro à espera das chuvas de janeiro.
Já não dou mais fruto, nem os pássaros vem mais aos meus galhos, 
Morrerei aos poucos, seco, à espera d’água.
Já produzi frutos, agora produzo mágoa.

Francisco Gouveia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

JESUS CRISTO O REDENTOR   "Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-no...