FELICIDADE
A
DOIS.
Seu Júlio conta que
não queria casar-se. Inclusive fugia do namoro, as pessoas até achavam que ele
tinha algum problema.
Mas, isso foi até
conhecer Judite. Ela mudou complemente seu jeito de pensar sobre o casamento.
Não que ela fosse muito atraente; não era! Era uma moça simples, honesta,
comunicativa que foi trabalhar na mesma fábrica que Júlio trabalhava.
Ele se encantou com
ela, se apaixonou e com pouco tempo se casou. Vivia numa felicidade muito
grande. Mas, ele não queria filhos e ela insistia em tê-los. Por fim ela
engravidou e teve gêmeos. Mas a fatalidade quis que ela morresse no parto. E
Júlio se viu agora com dois filhos e uma viúves prematura.
Tentou criar os filhos
sozinho com sua mãe, mas não deu certo. Casou novamente. Não teve outros filhos
vivia agora para aqueles dois filhos. Trabalhava incansavelmente para cuidar
bem dos seus filhos, a madrasta deles também era meiga, carinhosa, cuidadosa
com os meninos, como se eles fossem seus filhos.
Mas os meninos aos
dezesseis anos deram problemas por má companhia e roubo de motos. Foram ambos
até os dezoito anos de idade habitar em um reformatório para menores, para
desespero de Júlio, o sofrimento semanal de visitar os seus filhos presos e
longe do convívio do lar que havia preparado para não lhes faltasse nada, e eles
procuraram outro caminho fugindo da escola e enganado a mãe dizendo que iam
estudar. Mas na verdade tomavam outro rumo, maquinas de jogos em bares e se
tornaram presa fácil de traficantes, para suprir o dinheiro que necessitavam para
jogar e usar drogas.
Agora maiores de idade
estão no centro carcerário, por tráfico de drogas e assalto a mão armada, um deles
inclusive com ferimento de um projétil de uma arma de um policial.
Agora, Júlio vem duas
vezes por semana visitar seus filhos, a herança deixada por sua primeira
esposa, o sonho dela cria-los e ser feliz com o marido. Mas faleceu, foi embora
antes do tempo. Talvez o destino não quisesse que ela visse o destino
reservasse para aqueles meninos, um destino que eles mesmo construíram pela
desobediência.
Júlio é uma pessoa
triste, e ficará ainda mais triste depois que os filhos forem julgados, por
assalto a mão armada e por tráfico de drogas. A sua felicidade que deveria ser
plena, acabou-se em dupla infelicidade.
Francisco Gouveia
Relatado na minha visita
ao Centro de Detenção Provisória em São Paulo.
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