terça-feira, 3 de fevereiro de 2015



O Cristo triste

Na capela bate o sino, chamando os fiéis para junto dela.
Vem o velho, o moço, o menino e a donzela.
Fé, esperança e salvação. O badalar do sino ecoa pelo árido sertão.
Domingo dia benção, penitência ou maldição.
No altar um Cristo triste, pintado na parede ereto,
aos fiéis estendendo as mãos; Como se algo pedisse ou oferecesse salvação.
O padre no fervor de sua devoção, disserta sobre a salvação e o pecado.
Arrancando lágrimas do devoto abnegado e o arrependimento do desencaminhado.

No púlpito, o vigário em sua homilia entra em devaneio,
entre os fiéis dúvidas e receio.
Há olhares em outra direção, olham a terra seca e rachada,
Por falta d'água sem ser por Deus molhada.
O sertanejo sofre privação, come espinhos ao invés de pão.
E seu vigário ainda fala do pecado e maldição!

Tristeza e mágoa.
Quão grande pecado foi este, que Deus tirou até a água,
Deixando morrer à míngua  a vegetação?
No altar o Cristo de olhar triste, pintado na parede,
Aos fiéis estendendo as mãos,
Tristeza e mágoa...
Parece que o Cristo também pede água.

                                                        Chico Gouveia

*** As imagens aqui são do sertão da capital de São Paulo. Quem diria!



Minha boa e velha Cantareira, meu berço de nascimento.
Do trenzinho que saia do Brás, via Tucuruvi e Jaçanã,
Aquele mesmo trem das Onze cantado pelo Adoniram.
Não existe mais,  só recordação.
Que aos poucos o progresso vai sufocando dentro do coração.
Agora até a água está indo embora,
a Natureza perdeu lugar para poluição.

                                         Chico Gouveia



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