CHUTANDO PEDRAS
Ela
por baixo e eu por “riba”,
Eu,
galopando sem sair do lugar.
Metendo
o meu arreio bem no meio dos seios.
Ela
suspirando e gemendo sem parar.
Vou
chutando pedras na estrada poeirenta,
Poeira
fina que entope as “ventas” no caminho que me leva ao Ceará.
Olhando
a paisagem da caatinga semimorta,
Com
a pobreza batendo a porta,
Caminhando
com vontade de chorar.
Dor
nas costas, sebo nas canelas, vamos caminhar.
Que
víbora e aquela? E a que com ela vou me alimentar.
Vou
matar aquela desgraçada!
E
fazer uma panelada, meu almoço minha refeição.
Andar
pelo mundo com o bolso furado sem um tostão,
Tem
que aprender a sobreviver com as peçonhentas do “Cão”.
Agora
bem alimentado, deitar, dormir e sonhar, Coberto com um lençol de estrelas.
A
Lua fica me olhando parece me namorar. Então...
Ela por baixo e eu por “riba”,
Eu,
galopando sem sair do lugar.
Metendo
o meu arreio bem no meio dos seios.
Ela
suspirando e gemendo sem parar.
Não
custa nada sonhar. Se a Lua fosse uma mulher ninguém nunca iria lhe alcançar.
Amanhece
o dia um galo de campina vem me acordar.
Arrumo
minha “trouxa” o meu destino e caminhar.
Mundo
o caminho para a Paraíba, Pernambuco ou para onde Deus deixar.
Chutando
pedras pela estrada a fora.
Sabe,
eu também sou como as pedras que aos poucos rolando
Vão
embora, rolando, vão rolando e devagarzinho rodam o mundo à fora. Por cada
canto que passam uma nova história.
Francisco Gouveia
“Por riba” = por cima
“Ventas “= Nariz
“Trouxa” = Mala
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