terça-feira, 19 de dezembro de 2017





CHUTANDO PEDRAS

Ela por baixo e eu por “riba”,
Eu, galopando sem sair do lugar.
Metendo o meu arreio bem no meio dos seios.
Ela suspirando e gemendo sem parar.

Vou chutando pedras na estrada poeirenta,
Poeira fina que entope as “ventas” no caminho que me leva ao Ceará.
Olhando a paisagem da caatinga semimorta,
Com a pobreza batendo a porta,
Caminhando com vontade de chorar.
Dor nas costas, sebo nas canelas, vamos caminhar.

Que víbora e aquela? E a que com ela vou me alimentar.
Vou matar aquela desgraçada!
E fazer uma panelada, meu almoço minha refeição.
Andar pelo mundo com o bolso furado sem um tostão,
Tem que aprender a sobreviver com as peçonhentas do “Cão”.

Agora bem alimentado, deitar, dormir e sonhar, Coberto com um lençol de estrelas.
A Lua fica me olhando parece me namorar. Então...


  Ela por baixo e eu por “riba”,
Eu, galopando sem sair do lugar.
Metendo o meu arreio bem no meio dos seios.
Ela suspirando e gemendo sem parar.
Não custa nada sonhar. Se a Lua fosse uma mulher ninguém nunca iria lhe alcançar.

Amanhece o dia um galo de campina vem me acordar.
Arrumo minha “trouxa” o meu destino e caminhar.
Mundo o caminho para a Paraíba, Pernambuco ou para onde Deus deixar.
Chutando pedras pela estrada a fora.
Sabe, eu também sou como as pedras que aos poucos rolando
Vão embora, rolando, vão rolando e devagarzinho rodam o mundo à fora. Por cada canto que passam uma nova história.


                              Francisco Gouveia

“Por riba” = por cima
“Ventas “= Nariz
“Trouxa” = Mala

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  ENDURECER "Disse o Senhor a Moisés: O coração do faraó está obstinado; ele não quer deixar o povo ir" (Êxodo 7: 14) Qual...