DESCASCANDO
CEBOLAS
Oh,
minha mãe já não sou o mesmo.
Desde
o pouco tempo que a senhora nos deixou.
Estou
mais velho, desdentado, quase careca,
Um
cabelo de ou lado outro d’outro.
Minha
memória tem falhado visão ficando turva,
As
pernas agora querem uma para cada lado ir,
Só
para me ver cair.
O
legado de união que a senhora nos deixou,
Durou
pouco, cada um foi para o seu lado, Não sei se foi eu o culpado,
Mas
me sinto rejeitado, como nosso pai nos rejeitou.
Talvez
os outros se sintam assim, Só.
Mas na vida tudo é um começo
E
nunca um fim.
Ás
vezes eu choro escondido para ninguém ver,
Poderia
ter sido um filho melhor, para não sofrer.
O
amor espanta a dor, a dor faz chorar,
Quando
não dá para esconder o choro,
Descasco
cebolas, porque cebolas também faz chorar.
Minha
mãe eu não vejo a hora de revê-la.
Eu
creio na ressurreição e de todo coração,
Eu
desejo novamente junto da senhora ficar.
Eu
peço ao Criador nosso Deus que também um dos filhos seus,
Possa
junto de sua mãe pela eternidade ficar.
Francisco Gouveia (Brasil)
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