segunda-feira, 9 de janeiro de 2017





DESCASCANDO
CEBOLAS

Oh, minha mãe já não sou o mesmo.
Desde o pouco tempo que a senhora nos deixou.
Estou mais velho, desdentado, quase careca,
Um cabelo de ou lado outro d’outro.
Minha memória tem falhado visão ficando turva,
As pernas agora querem uma para cada lado  ir,
Só para me ver cair.

O legado de união que a senhora nos deixou,
Durou pouco, cada um foi para o seu lado, Não sei se foi eu o culpado,
Mas me sinto rejeitado, como nosso pai nos rejeitou.
Talvez os outros se sintam assim, Só.
 Mas na vida tudo é um começo
E nunca um fim.

Ás vezes eu choro escondido para ninguém ver,
Poderia ter sido um filho melhor, para não sofrer.
O amor espanta a dor, a dor faz chorar,
Quando não dá para esconder o choro,
Descasco cebolas, porque cebolas também faz chorar.

Minha mãe eu não vejo a hora de revê-la.
Eu creio na ressurreição e de todo coração,
Eu desejo novamente junto da senhora ficar.
Eu peço ao Criador nosso Deus que também um dos filhos seus,
Possa junto de sua mãe pela eternidade ficar.

                                                  Francisco Gouveia  (Brasil)


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