À BEIRA DO PARAIBUNA

ASSENTADO À RIBANCEIRA DO PARAIBUNA,

OBSERVO AS ÁGUAS QUE FOGEM PELO LEITO ABAIXO

NUMA CORRIDA DESENFREADA,

AS GARÇAS PASSEIAM SOBRE AS ÁGUAS,

EM BUSCA DO LAMBARI PRATEADO,

QUE FOGE DO TUCUNARÉ, ASSUSTADO.

JOGO PEDRINHAS NA ÁGUA, CABEÇA VAZIA.

SÓ TENHO OLHOS PRA NATUREZA,

PENSAMENTOS SÓ PRA ADMIRAR A BELEZA.

OUVIDOS PARA OS PÁSSAROS EM SINFONIA.

A NOITE É ESCURA, O CÉU PRATEADO,

A ESTRELA CADENTE CRUZA O CÉU, FURIOSA.

AVES NOTURNAS ENTRE CANTOS E GORJEIOS,

DESPERTAM A IMAGINAÇÃO DO REAL E A FANTASIA,

CAUSAM MEDO DE ASSOMBRAÇÃO.

AO LONGE A VELHA RODA-D'ÁGUA GEME EM SEU EIXO,

ACOMPANHADO O MONJOLO COMO FOSSE SOCOS EM SEU QUEIXO,

O MILHO E A MANDIOCA AINDA É MOÍDO DE FORMA ARTESANAL.

O VELHO ALAMBIQUE AINDA FAZ A CACHAÇA,

QUE FAZ O TRISTONHO FICAR CHEIO DE GRAÇA.

O VELHO FORNO DE BARRO, MEU FOGÃO DE LENHA,

MINHAS BROAS DE FUBÁ, MEUS PÃES DE TORRESMO,

NÃO TEM QUE NÃO FOI LÁ EXPERIMENTAR,

FAZER UMA “BOQUINHA” DE MANHÃ DEPOIS DE O GALO CANTAR.

PARA SER FELIZ NÃO SE PRECISA MUITO,

TEM QUE TER AMIGOS POR PERTO,

E POR CERTO TAMBÉM SABER AMAR,

AMAR TUDO QUE DEUS LHE OFERECE.

SEM PRECISAR A NATUREZA ESTRAGAR.

      CHICO